terça-feira, 30 de novembro de 2010

sem sentido, com você


a insistência comprometedora afeta todas as pessoas,
e você, meu senhor,
interrompe seu pesar
com lágrimas que nem suas são.

corte!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

palavras de abraços


você está certa,
a cobra não consegue mais digerir seus próprios elefantes.
o intocável agora não é material,
eu queria o ontem de volta, eu queria.

perdoe-me,
no exato momento eu prefiro a escuridão,
prefiro evitar a luz.
calafrios passam pela minha alma,
a fragilidade insiste e inside!
não consigo, tanta coisa pra nada,
tanta coisa..

eu sei que vai explodir,
eu sei que vai passar.
sempre sentirei seu abraço,
nossos olhos sempre irão se encontrar.

rimas fáceis..

domingo, 28 de novembro de 2010

fui eu


o ser humano é grotesco, o ser humano erra
o ser humano não presta atenção, o ser humano erra.

a definição de cada momento infelizmente se dá pelo que se passa, e não pelo que se quer.
a vontade que eu sinto agora não se concretiza pois o erro impossibilita a ação.
logo logo vai estourar, eu sei disso
me contenho, me mantenho calmo, tudo isso - e eu sei - a toa.
tanto planejamento para nada
tantas coisas para que um erro derrube tudo.
nem mais 'confie em si mesmo'
muito menos confie por completo.

eu me distraio,
eu me manipulo,
não quero o após,
quero o de hoje,
que hoje não é mais possível.
como eu disse, vai estourar.
de volta ao início,
ao marco
zero!

sábado, 27 de novembro de 2010

dell'arte


apenas use,

faz parte.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

não mais dois


Fragilidade em forma de menina
Gota de lágrima que sempre cairá.

daqui de longe eu não enxergo seus passos
daqui de longe tudo fica meio embaçado
não deixam que eu entenda o que verdadeiramente se passa
o seu sofrer, o seu sorrir, o seu sofrer.

nem meias palavras
nem um fio de cabelo
nem um abraço
nem um carinho.

do que me adianta este contato inexistente?
não há, não há forma nenhuma capaz de transformar agora
tudo se complica
já não temos tanto tempo assim
o trem logo chega,
e novamente você se despede
e encara outro destino
outra vida
outro amor.

melancólico demais isso tudo
palavras que não saem da minha boca
que nunca saíram
que nunca sairiam
que agora pulam com tal facilidade que me fragiliza.

onde está toda aquela afeição?
porque o medo agora?
desconfortáveis sensações
eu não aceito isso tudo
culpa sua mesmo.

Já chega,
está calor de mais por aqui,

deixa eu pegar uma brisa na janela
deixa eu mergulhar na imensidão do ar
deixa eu viajar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

quarto escuro





o fundo do espelho é muito vago
o pé da moça pisa descalço o chão
o sol esquenta a criança indefesa
a lagarta prepara seu casulo
o corpo se esvai
a menina sapateia pela sala
o rapaz imagina
a ingenuidade corre
o traço muda entusiasticamente
o abraço apertado assim
a tristeza
o artigo definido
a definição
o conceito
a sensação
a beleza
o importuno
o momento
a ignorância
a repugnância
o desconforto
o encontro de nós dois.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

(in)sensatez


vontades,
malditas vontades,
mal ditas vontades.


ao acaso, a semente caiu da mão do jardineiro.
caiu na terra, na terra úmida, na terra miúda, tantas vezes tocada.
brotou, cresceu, e tornou-se casa,
casa de alguns sentimentos, de duas pessoas mais uma lagarta.

vida doce e insana essa, não?

um bom dia inverso




de tudo que você provou,
quanto ainda se diz proibido?
de tudo o que você tocou,
quanto ainda se diz confortável?
de tudo o que você não sentiu,
quanto ainda se diz imaginável?

imaginável imaginável imaginável

atingível.

sábado, 20 de novembro de 2010

os verdes ainda não maduros


O tempo de espera pelo pedido.. mas o que desejar? São tantas as coisas que seria possível pedir para si mesmo, mas o pequeno menino inculto, grosseiro, bruto, agreste, tosco, ordinário, custoso de sofrer, áspero, indecoroso, duro, violento, perigoso, descortês, ríspido e estúpido, não consegue manter seu pensamento fixo em suas próprias ideias. O de fora importa um pouco mais.

Centro de problemas, lacre de confissões e nada decidido, fica a mercê dos mais altos abismos.

- Mais atenção, por favor!

Não consegue se dividir, sente-se impotente, recolhe sua fúria, amassa seu ego, maltrata sua solidão, retrata suas desgraças, e mesmo assim continua a fingir, a manipular as mais diversas sensações e olhares.

A vida não é uma só.

Recomece, por favor!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

meia verdade


O meu samba é um maracatu, minha senhora..
Não se deixe levar pelo velho conselho de que minha ausência fará tão mal assim. Tome as chaves de casa, não fique encabulada, continue a sorrir. Meu peito aberto mergulha em seu humilde coração, já estamos tão velhos..
Hoje é aquele dia em que eu resolvi mudar, tirei o seu e o meu coração do altar. Chega de carregar essa cruz, levante a âncora e siga rumo ao maior redemoinho, mas por favor, não espere resposta alguma. Esse rosto tão mastigado não encanta tanta gente assim, por isso, desabroche essa sua calma, desperte sua alma, corte os cabelos, passe um batom.

Sem simulações, você sabe que eu nunca existi por completo, siga.

Não se afogue.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

ócio


passatempo, passa.
passa tempo, tempo passa.
passa, tempo.
passatempo, tempo tempo.
tempo passa,
passatempo.

(perda)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

comestível


Ninguém lhe oferece um pingo de sossego.
Ele está definitivamente cansado das palavras que não dizem, muito menos condizem, com o que ele pretende.
Os números não correspondem, e a porta ainda está fechada.
Um machado, mas nenhuma chave.
Um envelope, vazio.

Fazer sangrar, colocar no papel e enviar.
Usar o machado, abrir uma cratera.
Dilacerar, fugir de um tormento momentâneo.

Arder, como sempre ardeu,
mas nunca percebeu, eu.

Desenvolve.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

a falta da saudade carinhosa, o repúdio ao que se tem.


Dois olhares que não tem a coragem de se encontrar, hoje se veem forçados a um embate. Claros sentimentos sustentáveis por uma esperança que despenca de momento em momento, de dor em dor.

Sejamos nós o fruto da sobrevivência e da degradação humana. Sejamos nós animais que repetimos as mesmas coisas, que ferimos as mesmas pessoas.

(Não seria possível negar suas mãos, e fingir não pertencer a este mesmo grupo.)

As mesmas pessoas paradas pensando em suas angústias e aflições. Mas o que realmente incomoda cada um?

Fraqueza. Nojo. Perda. Traição. Ira. Desejo. Submissão. Raiva. Vingança, ou amor?

Perdidos em uma mesma viagem, não percebem a quantidade de semelhanças, a quantidade de repugnância que sentem uns pelos outros. Pensamentos além do que se é permitido cria apenas mais um ambiente pouco mais apático, polêmico e crítico. Juras de afeto mergulhadas na desconfiança disfarçam a verdadeira vontade pelo novo. O novo que não passa de mais uma cópia! Pupilas dilatadas a espera de novidade, e a perda de raciocínio a cada dia maior.

A intervenção humana, a putrefação.
A minha incerteza, rodopios pelo ar.
O seu ódio, alimentado com lábios amargos.
A sua vontade, destruída por um não querer.
Um corpo qualquer, almejado pelos erros.

Tudo não se passa de algumas observações inúteis. Mais um homem na lista dos que reclamam, e julgam e julgam e julgam. A minha perfeição mentirosa se faz a partir de qualquer coisa, exceto da felicidade. Não há.

Os olhares se encontrarão, conflitos ocorrerão, e vocês vão se ver no meio de milhares outros olhares que desejam o mesmo encontro. A mesmice permanece, as lágrimas padecem, e o corpo pede, sempre pede.

Não há.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

subterrâneo


E, agora, não tem mais volta. Adentramos demais o inferno.

As rimas já não te comovem mais, correto?

- A partir de agora um momento mais vivo, mais carne.

Esperamos muito tempo para acontecer alguma coisa, e agora que você quer, eu finjo não querer mais. Não por mera distração, ou conforto, e sim por não querer que eu queira como eu sempre quis. Agora eu quero mais é ver seu sofrimento brotar. Onde já se viu, uma pessoa íntegra como eu, me desgastar tanto por sua causa. Não acho justo, sua desgraça me parece ser mais agradável, e alguns litros de sangue não significam tanto assim. Desperdício foi esse tempo todo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

a palavra sofrida, mãe


Tu que não correspondesse um pingo do que eu senti por ti, engole agora a ganância de um ser próprio e robusto.




O apelo pela esperança nos remete a diversos momentos em que sentimos dor, medo, ou só uma falta mesmo.

- Uma falta de amigo, de um amor.

Somos bons o bastante com nós mesmos, ao ponto de fazer com que não consigamos nos sentir como um nada.

- Eu sou um alguém, um ninguém.

A imagem congelada não representando nada daquilo que você queria, ou pretendia.

- Eu desisto, me transformo, me fotografo.

Corpos pequenos demais para uma única relação, para uma única pessoa.

- Transformação, Metamorfização .


Apenas um registro, apenas uma memória.