sexta-feira, 18 de novembro de 2011

boa noite, procure não dormir e pensar em mim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

essa moça

a gente se olhava e sorria
enquanto tomava sorvete
de morango.
lembro que os pedaços de morango
era a melhor parte, a gente se lambuzava
e acabava por rir até não acabar mais.

sua musicalidade me deixava sério e
sua boca
sua boca
sua boca
sua boca
não me deixava aqui.

quantas vezes me calei diante do seu corpo,
seu desfilar,
meus olhos..

olho aqui na janela e
e e
e
e me coloco a sentir
a falta dos seus acordes,
de suas mãos,
da tua
pele.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

camiseta verde

o som de um molho de chaves barulhento ia aumentando a medida de que passos mais fortes se sobressaíam pelo corredor. três batidas na porta e a minha dor de cabeça agradecia. quebrei a ponta do lápis em cima do papel sujo de sangue e café, arrastei a cadeira com força como quem quisesse fazer mais um barulho irritante para se torturar. Levantei rapidamente, fiquei um pouco tonto, dei três passos e parei. Mais três batidas na porta e os quadros presos às paredes de madeira pareciam querer se jogar. Mais oito passos. Voltei um em função da apatia pelo que é par e girei as três fechaduras que me protegiam. Ainda tonto, ainda com dor, ainda de pé, interrompido. Abri a porta e um homem perguntava por Maria. Eu morava só, eu e minha dor de cabeça, eu e minha tontura - eu e minha paciência. Neguei a existência de maria e fui rebatido com uma insistência chata.

- Não tem maria, não tem ninguém, não tem nem mesmo quem está falando com o senhor, meu caro.

Fui grosseiro, era grosseiro, tinha de ser grosseiro.

Ele já estava se voltando para o desfile horroroso dos passos junto ao som das chaves quando eu pedi se ele poderia me fazer um favor. Claro, ele respondeu.

- Tire os sapatos e as chaves do bolso e entre.

Pedinte, grosseiro e agora um louco. Não, ele me disse com um riso constrangido. E eu retruquei um pouco mais alto, já segurando o braço defeso: tire os sapatos e as chaves do bolso e entre! Um rosto masculino com raiva estava de frente para mim. Soltei o braço e disse entre, por favor.

Não tirou os sapatos, nem as chaves e entrou, mas entrou. Fechei uma única das três fechaduras, ofereci café gelado e me aproximei. Coloquei a mão no bolso que não era meu, tirei as chaves, joguei pela janela. Me retribuiu com alguma frase impondo minha loucura ou insanidade, mas eu agora tinha um olhar fixo e com o olhar eu o calei.

Faltam apenas os sapatos, sugeri. Tirou os sapatos sem entender e eu indiquei a poltrona vermelha e velha de couro como conforto. Fechei a única janela daquele perímetro, liguei um abajur e o fiz companhia por aquele momento sem maria, sem barulho,
em silêncio.


domingo, 18 de setembro de 2011

apostila

sombras de um estar sempre adormecido
nunca se desligam nem nunca acabam.
o último dia aqui, digerindo carne humana
como sacrifício mal pago

sábado, 17 de setembro de 2011

eu já lhe disse que não, senhor Imperador.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

a gente acha que sonha muito

tumor


assisto sua miséria indo deitar-se, seu cair em frente ao espelho,
teu próprio reflexo como despedida.

- inoportuna essa sua decisão.

Meia luz, meio sorriso, estado sem conforto.

- e eu fico aqui?

te destrói, mas não esquece que a cada pontada,
a cada corte,
meu peito aberto vai contigo.

nosso sonho hoje não mais vigora.
não no chão completo, mas não mais.

- hoje aqui faz frio, como você gostava.

em dias como esse nossos pés costumavam querer entrar em contato,
se entrelaçar lado a lado.

- e as nossas exaltações de poucas verdades em meio a tantos passos desordenados?

levanta logo, acorda desse sonho só seu,
diga uma última vez ao pé do ouvido aquilo tudo que eu quero.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

zero

de vez em nunca eu fico a representar aquelas situações de laranja tijolo.
as nuvens bem carregadas em loucura cinematográfica
uma teoria em preto e branco,
sem sintonizar uma estação ou pensamento sequer.
o som da multidão erguida
e a pauta sendo, e a pauta é.
socializando o sabor do verde nos teus olhos,
deixando ir como lentidão em meio a mil

terça-feira, 13 de setembro de 2011

história de olhos fechados

boca de carne viva transborda pelo meu corto todo, todo.
corpo que dança, que venta.
quebra pra depois colar, sofre tudo de uma só vez.

- Tomei a liberdade.

(sabor de negação e pecado)

Arde. Arde como veneno.
Arde como veneno demais.
Arde como veneno demais no.
Arde como veneno demais no sangue.

Resina de tantas coisas se desmancham e se espalham por aí.

Grudam-se, unem-se - sem se sobrepor, quase sem delicadeza.
Apenas os corpos no espaço atemporal, inalável, não nostálgico, vazio,
mas de carne.

domingo, 11 de setembro de 2011

porque você está estranho?

eu não peço muita coisa, nem chego a pedir e a ser tão pedinte assim
um oi e tchau, bem e assim e tal e talvez e nunca e té e talvez.
só eu tenho as certezas bobas, as não culpas tolas.
aquele abraço de amigo que chora com ombros aflitos imersos numa
situação que foi vivida.

poxa, eu nem chego a pedir.

como está, como vai, como anda, como vive, como sente,
só um pouco disso, nem muito daquilo (aquilo).

tanto que passa e acaba por passar e passar por cima de coisas
e coisas e pessoas e coisas de pessoas, nem muito daquilo eu nem chego a pedir
a te pedir.

sábado, 10 de setembro de 2011

ah, ah

olhou de leve, leve. não hesitou.
fez da boca a certeza gelada, vermelha
macia feito morango doce sem açúcar.

deslizou pelas coxas, agarrou a mão.
despiu com força,
puxou o cabelo. enrolou-se.
chupou. chupou.

lábios grossos e rápidos arranhavam a alma.
azul marinho como nunca e sujo e imundo e imundo e imundo
e sujo e sujo e sujo.

quente que queima que queima quente.
que arde quente que quente arde.
que sente que dói que dói que sente.

imobilizou as costas
sem ar sem par
sem dois
sem pois


sábado, 3 de setembro de 2011

finge, Dona Geórgia, finge!

Dona Geórgia, volte aqui, Dona Geórgia.

Ria que se acabava e não voltava.
Batia palmas enquanto gritava e se cambaleava num bailar pelos corredores daquele hospital, queria se sentir bem.
Beijou a moça da recepção, tropeçou em uma criança e caiu no chão.
Fez-se o silêncio, médicos se aproximaram..
Demorou-se poucos segundos e novamente ouviram o som daquela gargalhada curiosa.
Dona Geórgia não estava bem, Dona Geórgia queria fingir.
Não demorou muito tempo até que ela desmaiasse,
fosse levada em uma maca,
novamente sedada,
sem gargalhada,
sem fingimento,

sem Dona Geórgia.


feia

por enquanto
enquanto eu for
enquanto eu não puder

posso querer mais do que
enquanto isso
você se vê cercado

enquanto

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

treze de novembro de dois mil e dez anos atrás

vai ao sol, não te encontras mais lá..
faça vir aos seus pés,

(FAÇA VENTAR.)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

I wanna hold your hand,

nesse transtorno imediato que resiste em te privar de tudo, te privar de tudo por um único motivo. pois então eu cubro seus olhos, te faço sonhar, te ignoro do mundo e estabeleço um único laço, uma única paixão. frenética. esquecer de tudo pelo meu capricho, que honra a sua. poupe-se mais dos outros, tenha apenas a mim. (me ame como eu não te amo, como eu te desejo a morte)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

banheiro

entre quatro paredes a desenvoltura humana sempre pede mais.
o (olho) olhar fala e o corpo grita mais. mãos limpas,
pele rude e asquerosa: e o desejo cala.
Nojo. Áspero,









longe.

algemas de gelo

preso preso preso preso
preso a uma imagem de representação óbvia e putrefata, ordinária e isolada, infame e que arde.

óbvio, pequeno menino
mas é claro, pequeno menino
certamente, pequeno menino
sim, pequeno menino

soa como merda
como a carcaça
que pinga cacos
de
uma
mente vazia vazia e medrosa
poderosa e
teimosa. óbvio, pequeno preso menino preso

domingo, 28 de agosto de 2011

bem pouco

Então agora - sem pressa - me mata.
Me mata aos poucos como seu último dever.

(antes de me espanque, me arrebente, me quebre, me morda, me maltrate)

cada vértebra, cada pedaço de carne, cada lágrima, cada gota de sangue. tudo ao chão.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

separa de mim

um verdadeiro escândalo silencioso

terça-feira, 16 de agosto de 2011

altura

te prendem o grito
e você quer a voz
você quer a voz.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

aos pés

vontade de não dar espaço, não pontuar e não colocar em parágrafos. vontade de falar um pouco mais e detalhar um pouco mais. aqueles dias naquela cidade. a chuva daquela cidade. os olhos daquela pessoa. me poupo muito perto de todos aqueles que sei que não fazem questão. Nem eu faço questão. Queria um tempo maior (e agora eu me coloco novamente no meio desses tantos meus "querer"). Preciso me mudar, talvez pra sala ou pra cozinha. Se eu ficasse no canto controlado pelos outros, eu iria ficar mais quieto, mais infeliz, mais daqueles. Rir tanto ao ponto de não conseguir pensar naqueles seus problemas, que sempre são meus também. vontade de não dar espaço, não pontuar e não colocar em parágrados. como queira, como eu quero, como queremos, como só você quer. E se eu conseguisse me mudar, eu iria preferir não avisar, mas avisaria. chega.

coisa ruim

dias inteiros aguentando a podridão de terceiros
a espera de uma parcela mínima de caridade
e tendo como retorno o simples desafeto de uma pessoa não tão boa

treinos desordenados
roupas amarrotadas
peles cortadas
e o frescor do sangue escorrido por cima da mesa.

abre mais um pouco
redobra essa força
e fere mais.

(me fere mais)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

raiva

e o menino que dizia que não sabia mais como chorar
sentiu novamente a grosseria de uma gota salgada
escorrer pelo seu rosto.

enxugou e negou.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

carne bem passada


por wayra (meu vento) e eu


Pedras tão pisadas que não gemem uma única gota de saudade.

Uma gota que agora pouco pingava de meus olhos, hoje já secou.


Permaneço aqui imóvel


pálido

distante de te ter

afundado em um rio sem limites.


Para quem não acredita no amor, experimente prová-lo e veja que pouco provável conseguirás negar uma relação


de dois corpos

dois corações

duas palavras

- e principalmente -

de quantas pessoas forem "queridas".


Este desejo que não passa e a vontade animal de COMER,

comer cada pedaço da ponta dos dedos até a orelha.

Sem deixar de mencionar, é claro, as lambidas.


Ah, as lambidas...

tão quentes, tão frias.


Então agora me morde feito paixão.

Me come e fica sempre com saudade.

Me deseja que eu te desejo

e eu te tenho..


sempre.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

número

dorme bem, fica bem.

domingo, 31 de julho de 2011

um parágrafo de um não presente


Morava em um sofá com a tia e primo. Fazia sua própria comida, limpava o que sujava e lavava sua própria roupa. Gastava seu próprio dinheiro e queria continuar assim. Não respondia mais as perguntas, estava com fome. Bebia mais do que devia, sabia que era ruim, mas o fazia perder o tempo, segundo ele. Conhecia muita gente, mas a intimidade era pouca. Fazia uma pausa, parecia não querer continuar a responder, tudo ainda era muito "fresco". Andava evitando drogas, mas se entorpeceu bastante na casa de um amigo. Muitas barreiras, outro mundo. Totalmente inconfortável, muita coisa nova, ideias.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

mundo da lua



seria mais tranquilo e palpável o doce perfume das nuvens.




segunda-feira, 25 de julho de 2011

aflição de um dia sem sol


eu me perdi em meus rodeios.

curvas indiscretas por esses caminhos que
me olham sem hesitar.

e eu com toda essa cor de saudade
não acompanho um pingo do que
sonharam pra mim.

mãos geladas no meu rosto
teu corpo
nosso desejo importuno

esse caminho não é meu
e tenho medo
e tenho dito

se a noite não fosse tão calma
se a noite não fosse tão só

eu poderia talvez não querer tanto assim.

.
eu não poderia

terça-feira, 19 de julho de 2011

pequenas dores sóbrias

migalhas de um corpo sem fim
se arrastam lentamente pelo chão
cristalizado em pó de giz de cera.

lua nem tão cheia
mão nem tão quente..
mas ainda toca e sente
todo o pudor que um dia
ela resolveu lançar.

nem antes, nem esquecida..
lamentos ao vento.

desconfortada ela pediu
ela sorriu
ela fingiu
e um beijo forçado ela lhe deu.

sabor bege, como a manteiga sem sal,
esquecida em um pão qualquer.
(sabor não meu)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

eu não gosto

(avra)

fico impressionado com a qualidade sonora de algumas palavras.
quando bem articuladas, melhor ainda.
essa sonoridade tola e barata me consome e
faz com que eu perca meu tempo em função disso.
disso tudo

(tu do
tuuu do.)

essas variações (õões) esquisitas (itas itas) que me interceptam sem sentido
sem vaidade alguma
guma. (eptam eptam eptam)

fale bem alto 'sandália' e repita numerosas vezes bem escandalosamente a última sílaba.
as palavras como terapia,
e eu queria dizer qualquer coisa.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

momento meu

eu já não me sobreponho, eu já não me correspondo.
preciso de um outro eu, mais novo, mais seguro de si.
confusão demais para essa cabeça pouco pensante.
objetividade, luz e o que?

já não consigo lembrar e deitar como antes.
vocês todos aparecem e reaparecem.
sem tranquilidade alguma,
sem tempo,
sem dinheiro,
sem mim.

eu já não me correspondo, não me sobreponho.
eu preciso, eu quero, eu eu eu.
grosseria que não me atinge,
deixa fluir,
deixa que acabem,
que matem.

Risadas não disfarçadas,
filme dublado
e manipulado.

(eu meu e mim)

terça-feira, 31 de maio de 2011

mulher

em tuas mil faces



és a única.

criação


meu rabisco definido te modela.
queria eu que fosse sempre assim.
queria eu que você gostasse que fosse sempre assim.

lamento agora o não te ter, pequeno.
tiro de ti essa gota, sem mais enganos.

(não) fica.

Não diz que vai embora e fica.

teu reflexo rebate, explode e se espalha.
e quanto me toca..

ah, pequeno, você me conhece..
não serias capaz de agir assim.
ou serias.

fazeis pior então,
rasga e acaba.

(e volta)

ponta de mim


tantos de nós aqui, queimando pontas de uma pequena revolta indomável,
que nos rodeia sem limites,
nos cala e faz calar.
rodopia pelo ar
e cai estirado
em três partes.

tantos de nós aqui, queimando pontas de uma pequena mente inquestionável,
que cresce em abundância,
nos fortalece,
tenta dar o passo,
mas se perde aos
amassos.

tudo igual, fluxo contínuo..

segunda-feira, 30 de maio de 2011

postagem a dois

tão pequeno, não?
quando demonstra algo tão sensível e tão necessário..
pura bobagem, todos diriam.

risadas infinitas, sem um pingo de pena.
ao redor: olhares indiscretos,.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

intitulado sonho em vão



o toque fanático aos pés da menina moça.
sem botas de veludo, sem sapatinho cor de amarelo ovo.
gota cristalina feito água que desagua (s) em direção.
nostalgias momentâneas, saudade daqueles dias.

até mesmo.. daquelas duas..
quanta coisa, não é mesmo.

e meus dedos gélidos
continuam gélidos.
quase inverno,
folhas ainda caídas,

mas nada a desabrochar.

alcool, um pouco.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

toque indiscreto


e o que destrói é essa sensação
estranha, grotesca e nojenta
que eu sinto.

é essa vontade que não vem de mim.
(mas que me completa e me transforma)

não eu, nem você, nem ele.

quero desenho colorido
em foto 3x4
com um pé só.

quero cabelo desarrumado ao vento
ao lado de uma companhia qualquer,
mas que seja boa.

poder acordar todo dia e sorrir
e não sentir..
e não poder.

apenas o querer já basta,
sai da mesmice alheia
e incorpora minha mente.

indigno
sem fluidez
com cheiro de saudade

e gota de cansaço.

(nunca acaba, sempre mais e mais, sem saber como.)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

obrigado


grande ócio criativo acompanhado de um dia chuvoso e frio, com muita comida, cobertor e amigos.

contemplação ao nada, por favor.

terça-feira, 17 de maio de 2011

irmã



eu nunca deixei de te querer,
muito menos de te ter.
você é minha,
eu ainda sigo os seus passos,
e quero seus abraços.

cuida de mim
cuido de ti.

amor fraterno este que nasce e renasce sempre,
amor eterno.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

imagem distorcida


o frio chega assim,
sem avisar.

inesperada sensação boa que retorna
e que não precisa de descrição poética alguma,
muito menos qualquer anúncio.

ele se diz por completo,
ele nos completa.

qualquer gota vira gelo,
qualquer sentimento permanece.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

go

que eu estou sempre a correr,
seja pra onde for,

que eu cresci,
e o menino de antes
é o menino de antes.

verdades que não parecem
e eu que quero a compreensão.

estou atrasado

segunda-feira, 9 de maio de 2011

ver(melho)


do que me adianta escrever sobre os mais diversos olhares?
a quem eles pertencem?
qual a cor do rascunho esboçado?
de que forma eles entram em você?
a força que eles exercem te aflige?
você é capaz de suportá-los?

sem
necessidade.

domingo, 8 de maio de 2011

02:22

o vento lá fora grita, ele quer entrar.
abro a janela, já é noite, ele entra.

o vento aqui dentro grita, ele entrou.
fecho a janela, ainda é noite, ele permanece.

o vento presente sussurra, ele quer ficar.
guardo-o, noite, aqui.

(mas o real, o real mesmo é tudo aquilo que meu corpo sente agora. Gotas de desejo, saliva de vontade. O real mesmo é eu na minha cama ao seu lado.)

Preparar, congelar,

mais uma foto qualquer,
nada que você queira entender.

(um salto talvez)

iogurte com granola

como estás?

você paralisa, olha ao redor e pensa.
escuridão, não é mesmo?
enxerga algumas luzes, mas elas estão longe demais.
olha para o balançar das árvores, mas nem a mão consegue mover.
sente aquele frio, mas nem manta tem para se cobrir.

como estou?

bem, normal, como sempre.

(quando questionado, mais um clichê)

sábado, 7 de maio de 2011

foto

desmorona, vem à tona.

sempre nós



como ser o mais sincero possível?

subjetividade alguma seria possível para mostrar de forma clara o quanto eu sinto.
as horas mal dormidas esperando eu chegar.
o peso insistente para aguentar.
brigas sem motivo, manias despedaçadas.
o meu mau humor, a sua compreensão.
o seu conhecer, o meu reconhecer.

você como raiz e eu como pássaro que quer voar.
dezoito anos ao seu lado.
sempre eu e você,
sempre tão nós.

daquele jeito,
desse jeito,
do outro jeito,

das inúmeras possibilidades de (sobre)viver,
você sempre me manteve
ao teu lado
contigo
em ti
no teu maior anseio.

palavras finas demais,
o amor como unidade.

eu quero sempre,
eu prezo,
eu suplico,
eu reconheço,
eu como filho,

tu como mãe, me amando

e sendo sempre amada.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

elefante colorido



e é aquela coisa que a gente sente e tem certeza.
a conversa do nosso corpo, nossa missão tão nossa.

reencontre-me sempre e sempre e sempre..
libere o doce da saudade,
me ame todos os dias
como quem sabe - e tem a certeza- de que te amarei.

Um lá, outro acolá
mãos nem sempre juntas,
mas o te querer
sempre que eu puder.

entenda-me sempre,
porque assim
posso escrever e falar
o quanto eu quiser,
e saber que vai ter alguém pra me escutar


e me compreender
e me responder
e me tomar.


aquilo tudo
aqueles dois,

se isolando
se escondendo
se camuflando

e é..

aqueles dois.

domingo, 1 de maio de 2011

mas, podes não lembrar mais?

Desenhos descoloridos deixados desengonçados ao chão. Partido em dois, em sete, em nove, em vento sem direção. A espera infinita em cor de quadrinho infantil. Folhas secas ao redor, muitas falas a se entregar. Detalhes desconexos, congelados quase sem ritmo. Ruídos de uma paisagem já esquecida.


Distantes demais.


A mão que aperta, os cabelos que voam e os olhos que descobrem. Prontos para ir. Buracos profundos, palavras quaisquer. Mente que sente e não pensa, mente que mente. Paredes distorcidas e pautadas. Notas não musicais, e chaves que nao abrem nada. E aquelas vidas que antes estavam juntas, hoje choram a sós?


Voce sem ela.


Abre a janela, enxugue toda essa chuva, desdobre seus desejos. O que mais te provocaria agora? Telhados de paris, contato próximo demais. Uma última palavra e a exaltação de toda uma situação, uma historia, um laço. Proibido a passagem de pedestres e voce se joga. Assim acaba? Entao voce se vê, você se enxerga, e você não quer a sua própria presença.


Um último gole e a falta de atenção.

segunda-feira, 21 de março de 2011

peso

marca marcada, simples - degolada.

domingo, 13 de março de 2011

tinha acabado a tinta

fazia tempo.

a mão tocou, alisou e se manteve..
e ela não quis mais,
e ela não mais nova,
e ela não mais dele.



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

com

há quanto tempo você não abraça sua mãe?

sem ritmo,

termino.

sábado, 29 de janeiro de 2011

seria

sorriso, mais um qualquer.

Nunca mais tinham tocado no assunto, minha mente estava acostumada ao novo, e tudo aquilo que já foi um dia, apenas estava guardado em uma caixa qualquer - que eu sequer sabia onde estava. Ao meu ver, tudo agora parece voltar e erguer um pouco mais a minha antiga vontade de ter tudo aquilo novamente. Mas não vai acontecer, e talvez até acabe.

O jeito seria matar.

sábado, 22 de janeiro de 2011

o que eu fiz agora

Começando sempre pela menina moça
Apoiando sempre o clichê alternativo.

Retrato o seu olhar,
Reparo o encontro,
Sobreponho a sua expectativa.

Concreto demais,
que nunca mais sai.

Encerro assim,
longe..


não de mim

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

estante de canto

o desabafo passo filtro com manteiga.

domingo, 16 de janeiro de 2011

morte

a menina não queria esmeraldas
a menina não queria diamantes
a menina não queria rubis
a menina não queria ouro
a menina não queria
a menina não
a menina
a menina não queria.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

passageiro


Quando passa, a imagem se reconstrói,
e a mente alucinada se joga do mais alto andar do edifício celeste.
Quando você passa, a imagem se reconstrói,
e a mente alucinada se joga do mais alto andar do edifício do seu corpo.
Outrora me lembrei, corroí seu cérebro em vão.
Outrora que não tem,
Corpo sem carne,
Pedido desastroso sem resposta.

Queima,

como vento.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

eu sei que não é

filho da puta, vai se foder, é isso que você tem a me dizer!

o sentimento


não causa dependência física, mas psicológica, podendo chegar a tal ponto em que o abandono de seu uso torna-se praticamente impossível.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

tanta coisa para uma pequena cabeça pensante


Deu uma vontade de eliminar a paisagem com camelôs vendendo suas muambas, e me enfiar em uma biblioteca pública para escrever. E cá estou. E é tão delirante esse ato de sentar, e digitar digitar digitar. Digitar apenas as palavras, deixando que elas dancem sozinhas, sejam elas com sentido, ou não. Errar uma vírgula, ou então, não saber como usá-la mesmo. Apostar em ideais sendo que eles nem existem. Encher a boca de princípios e jogá-los no lixo. Mostrar o peito viril cheio de coragem, e não ter coragem de usá-la. E continuar digitando, e lembrando momentos que passaram, que agora são passado. Ahh, e ter aquela vontade de que ou o passado voltasse à tona, ou que no futuro tudo se repetisse. Mas ter a certeza de que nem tudo volta, e algumas coisas repetem, e quando repetem, nunca repetem da mesma forma. E repetir as palavras mudando a intenção delas. E se sentir poderoso. E abusar do advérbio de intensidade e deixar escapar que a vida é tão bonita, tão arrogante, tão extraordinária, e ao mesmo tempo tão ordinária. Não utilizar parágrafos. Não dar ideia de começo, meio e fim. Não se importar com o que os outros irão achar quando lerem isso. Passar vergonha. Ir de cueca para o centro da cidade e gritar ao sete cantos qualquer coisa. Mostrar para as pessoas que ser acanhado é bom, mas que ser sem vergonha, abraçar qualquer um, conversar com um mendigo, assustar um pombo e dormir em uma livraria é muito, mas extremamente muito divertido. Convidar um amigo para fazer nada, e acabar tendo a vontade de abraçá-lo e agradecer por tudo, com o rosto cheio de lágrimas, é prazeroso e normal. Quebrar tabus, sair do perímetro de todo dia, olhar as formas que as nuvens tem, e saber enxergar por de trás do muro, e acreditar naquilo que está vendo! Desrespeitar as regras, usar e abusar de seu próprio corpo, ler, sentir culpa, confiar, sentir segurança e saber inovar. Não saber fazer uma referência bibliográfica, não ter a certeza do que você quer ou gosta, ter apenas trinta minutos e terminar depois de duas horas. Amar e não ser amado. Odiar e ser odiado. Fazer tudo errado. Receber uma bronca daquela pessoa que você tanto cuida. Decepcionar, e ser decepcionado. Achar que você tem a cura para os vícios do mundo, e que extraterrestres existem. Tratar com formalidade a tia da Banca do Jornal. Deixar o troco para o garçom. Levar a bolsa para uma pessoa no ônibus. Fazer amizade em uma praia. Ser gordo. Ser magro. Ser um livro. Ser uma manchete. E nunca ter a certeza do que é melhor, sabendo que talvez a solução seja arriscar, ainda que não tenha nada para ser solucionado. E continuar todos os dias aprimorando as formas de aplicar a felicidade de cada dia. E terminar sem saber.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

qualquer de novo

Esmeraldas guiarão a menina, e duas outras vidas se tocarão. Corpo com corpo ligados acharão que é só o momento, mas não, um afeto um carinho um gosto um apego um desejo uma paródia um olhar um toque uma vontade uma mania, e uma palavra irão comprovar que uma simples situação pode levar ao caos, e que isso tudo pode ser tão bom.

acrílico

ausente para a terra hoje
distante de ti e dos olhos dela
respira suspira,
renega e supera.
porque esse toque agora?
corra de mim.
eu não posso me ver através do espelho,
é forte demais para nós dois.

domingo, 2 de janeiro de 2011

prosa sem parar


falando diretamente da radio doooooooooooce américa
e estamos rindo semparar
dançando sem parar
cantando sem parar
desenhando sem parar
bodododod sem parar
sbs dbeh sem parar
sem parar.
rindo sem parar
escrevendo semparar
amando semparar
querendo semparar
esfumaçando semparar
continuando semparar
em frente semparar
vice
vivendo semparar
aqui semparar
ali semparar

sábado, 1 de janeiro de 2011

que não sai

gente gente gente gente, só um golinho a mais, por favor, ela implora..
gente, gente, gente, gente, gente, a vírgula.
a diferença
a vontade
a saudade
o retorno
o impulso
o repulso
o temer
o temor
o não sei
o sei mais
o não teu
o não meu
o nosso.